sábado, 21 de abril de 2012

O silêncio nem sempre é a melhor escolha

Não. Eu não tive uma boa formação literária ao decorrer do meu ensino médio. As minhas professoras priorizavam outros conteúdos, mas aprofundar-se na literatura, isso elas não faziam. Com exceção de uma professora, que sempre nos despertava a curiosidade para ler e deliciar os romances, o assunto literatura sempre foi deixado um pouco de lado.

A minha curiosidade em conhecer e ler autores renomados sempre me deixaram muito feliz. Era uma felicidade tão grande que nem sentia as horas passar. Graças a essa minha curiosidade, conheci os meus autores prediletos. Machado de Assis, Clarice Lispector e Guimarães Rosa. Achava tudo tão formidável! Nunca pensei que a leitura pudesse me transmitir tanto deleite!

Agora, vejo a minha curiosidade vestir-se de preto e declarar um luto. Luto por mais uma vez um político brasileiro demonstrar inverossimilhança perante a sociedade. Como estudante de Letras, eu me sinto mais envergonhado ainda. Pois, aprendi que os livros, que já nem são tratados com tanto louvor assim por professores, escolas e pela própria politicagem, sempre transmitem as mais ricas e prestigiosas viagens aos mais desconhecidos lugares. 

O projeto de lei pretender proibir a distribuição de obras do renomado João Guimarães Rosa. Ele brindou o Brasil com obras magníficas, ''Grande Sertão: Veredas'' que o diga, agora corre o risco de ser silenciado nas escolas. Querem transformar Guimarães Rosa em um objeto de mera decoração. Todo reboliço está sendo firmado na linguagem que o autor utilizou em suas obras. Uma linguagem inovadora, que trata o Brasil como ele realmente é: formado pelas mais divergentes camadas, sotaques, regiões, crenças....Silenciar Rosa nas escolas é simplesmente um ato de covardia. As crianças e os jovens, sem me deter a idades, merecem e tem o direito de conhecer e admirar este que é considerado um dos grandes autores do nosso país. Salve Guimarães Rosa: ''Se todo animal inspira ternura, o que houve, então, com os homens?''

''Quem muito se evita, se convive.'' (Guimarães Rosa)
Se isso já era uma notícia de estarrecer qualquer pessoa que ama e venera a literatura, o projeto de tal deputado pretende, também, a proibição das obras de Clarice Lispector. Eu, grande admirador desta mulher, sinto vergonha de tal projeto. Clarice não nasceu no Brasil, mas se sentia brasileira nata. Vangloriou o Brasil por onde passou. Suas obras são verdadeiros exemplos do talento literário brasileiro. Clarice simplesmente é uma autora que mexe com os mais íntimos e misteriosos sentimentos que se encontram reclusos em nós, mero seres humanos. Proibi-la nas escolas é um ato de extrema covardia perante aqueles que desconhecem os mais simplórios e verídicos sentimentos. Uma autora que sempre tratou de mostrar os mais variados temas sentimentais em suas obras que, aliás, se destacam pela ousadia. Seja na escrita ou na forma, Clarice jamais desmereceu a língua portuguesa. Pelo contrário: a mesma já disse que ''Uns cosem pra fora, eu coso pra dentro''. Ela sempre deixou bem frisado em seus contos, romances e outros gêneros o que de mais sublime habita em nós. Se ela cose pra dentro é sinal que muitos políticos nem aprenderam a coser. Salve Clarice Lispector em uma de suas frases mais conhecidas: ''A palavra é o meu domínio sobre o mundo.''

''Porque há o direito ao grito. Então, eu grito.'' (Clarice Lispector)
O projeto tende ainda silenciar vários autores (a lista é extensa). Mais uma vez, um político brasileiro me faz criar sentimentos negativos para o Brasil. Antes de mais nada, sou estudante, cidadão e futuro professor. Não quero que em minhas aulas tais autores estejam de fora. Aprendi muito com eles e não quero que gerações futuras desconheçam estes gênios literários que tanto deram prestígio ao Brasil. Vamos aguardar. Afinal, estou no Brasil. Aqui tudo pode. Tudo é liberado. Até silenciar quem tanto já cantou para o país.

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Casamento Civil Igualitário: Um respeito

O casamento sempre foi visto como o ponto de partida para a felicidade. As mulheres são as principais personagens destes episódios: sonham em construir uma família, casar com o homem perfeito e ter a felicidade como o principal elemento desta união.

O tempo passa. E com a passagem deste mudaram as mulheres, os homens, as crianças, o país e, como não poderia deixar de ser, o casamento. A construção familiar mudou com a aceitação de algumas coisas da sociedade. As mulheres passaram a coordenar famílias e assumirem o posto de ''chefes da casa'', os homens passaram a aceitar a diminuição de seu espaço e famílias homossexuais passaram a surgir com mais frequência.

Eu, que fui educado para respeitar e aceitar as pessoas como elas devidamente são, sou de total apoio ao casamento de pessoas do mesmo sexo. Sempre achei que estas pessoas merecem e têm direito a felicidade. Ser feliz faz parte do manual de instruções humano. É uma lástima ver que muitas pessoas não pensam assim como eu, mas com força e fé estes preconceitos tolos darão espaço ao que de mais bonito e essencial uma pessoa deve sentir: felicidade.


Há poucas semanas, descobri que o Deputado Jean Wyllys criou uma campanha honesta a respeito da união homoafetiva: o Casamento Civil Igualitário. Uma campanha que visa mostrar que todos somos iguais. Nada nos distingue. Uma campanha sem fins religiosos. Uma campanha que, sem dúvida, evidencia o quanto a intolerância prejudica o desenvolvimento social. 


Vários artistas participam. Expelindo suas opiniões, tais artistas dão um show de respeito. Artistas que evidenciam o quanto o preconceito é uma coisa medíocre, que não se chega a lugar nenhum disseminando repúdio, intolerância, desrespeito e, principalmente, colocando de escanteio o direito a felicidade de todos.


Por isso respeito, creio e parabenizo o Deputado Jean Wyllys pela iniciativa. Uma campanha como esta serve de exemplo a todos os países. Que a honestidade desta campanha sirva para deixar bem claro que todos, homossexuais ou não, têm direito ao casamento. Faço das palavras do Dep. Jean Wyllys às minhas: ''O Casamento Igualitário fortalece o princípio constitucional de garantir os direitos a TODOS e promover o bem de TODOS sem discriminações.'' Então, desejo que TODOS sejam felizes. E para sempre.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

O pobre jornalismo paraibano

Um dos deveres dos telejornais é transmitir informações e, quando necessário, prestar algum serviço à população. Quando isso ocorre, sinto-me grato. Poucas vezes vejo um jornal que se presta a isso. Infelizmente nem tudo são flores aqui na Paraíba. Há tempos enxergo a transformação que alguns jornais do estado sofreram.

O sensacionalismo chegou ao seu ápice. Matérias baseadas no sofrimento alheio, desgraças sendo colocadas em pauta, pouca prestação de serviço e, pasmem, um assassinato ao vivo. A ''ousadia'' é tanta que sinto vergonha. Vergonha por ver profissionais se prestando a transmitir tais imagens para uma população sofrida, com pouca instrução, que a cada dia lutam por uma vida melhor. A única coisa que posso fazer é lamentar-me. Sentir vergonha por tais jornalistas que pouco se preocupam com o conteúdo que estão transmitindo.


Antes de mais nada: não sou telespectador de tais telejornais. Acho ridículo um telejornal transmitir mais sofrimento para uma população sofrível. É de extremo mau gosto repórteres entrevistarem mães desesperadas ou até mesmo fazer piadas com presos e outros inescrupulosos que reinam na sociedade. Mais triste ainda é ver apresentadores tentarem ocultar os sensacionalismos e outras coisas banais que entopem os telejornais paraibanos. É  horrível ter que sintonizar em um canal e dá de cara com reportagens que não prezam o respeito ao espectador. Com exceção de poucos, alguns telejornais são altamente movidos pelas mais ridículas provas de sensacionalismo. 

A linguagem que alguns jornais adotam é a popular. Assim, eles conseguem alcançar um número maior de televisores ligados. Eu, repito, sinto vergonha de quem apresenta e mais vergonha sinto daqueles que cultuam tais telejornais e das emissoras que não controlam ''as desgraças'' que serão veiculadas. Ninguém é obrigado a assistir mais sofrimento. Exageram na dose e as lástimas se transformam em pautas e, em alguns casos, viram piadas, mesquinharias. 

O jornalismo paraibano está derrapando feio em suas informações. Poucos realmente se preocupam com o respeito. Outros, porém, continuarão a expor sensacionalismos frívolos. Apresentadores não assumiram seus devidos postos e continuaram com o estigma de ''animadores na hora do almoço.'' Há tempos o jornalismo paraibano se transformou em caso de polícia. Ou melhor: de justiça. Mas parecem não enxergar. Enquanto isso, eu desligo minha TV e almoço em silêncio. Sem a obrigação de assistir filmes de terror na hora de minha refeição. Infelizmente, o sensacionalismo será o principal ingrediente de tais jornais. É a maneira pobre de conseguir audiência. Pobre daquele que não possui outra alternativa.