segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Uma gatinha chamada Cecília


Minha gatinha Cecília.


* Poema dedicado à minha gata Cecília
 

Minha gatinha corre toda cozinha.
Zoa o fogão, meu pezinho e tenta
pegar o pardalzinho.

Minha gatinha é levada! Leva bronca,
corre pela escada e ainda lambe a minha
cara. Cecília, minha gatinha, é muito
divertida!

Cecília é travessa, dorminhoca e comilona.
Brinca, brinca, brinca e não cansa.
Minha gatinha tem ares de bailarina.
Na ponta das patinhas, ela dança a valsa
e encanta todos em casa.

Na hora de dormir, se contorce toda.
Esquece o cansaço do dia,
olha para mim e mia.
Como se dissesse: amanhã teremos
um belo dia.

domingo, 25 de agosto de 2013

Os amigos de outrora

Mais uma noite de sábado ao lado de amigos muito queridos. Diferentemente dos outros sábados, ontem eu pude me juntar novamente com amigos de outrora. Considero o nosso reencontro um ato de extrema pureza, amizade e carinho.

É sempre bom contar com amigos que, independente do tempo, são nossos companheiros fiéis na arte de sorrir. Ontem eu fui recebido com um caloroso abraço e saí com a mesma sensação de bem estar. Os meus velhos amigos tornaram-se muito importantes para mim. Tanto que decidi reservar uma noite para eles. Noite esta que se enquadra nos padrões da boa comunicação.

Como sempre, esta amizade começou nos meus tempos de escola. Matávamos aula só para nos reunir e jogar conversa fora. Sou sincero em admitir: estes meus velhos amigos foram os responsáveis por me fazerem bem. Esqueci de várias dores e decepções ao lado deles. Nosso tempo de escola foi tão estupendo que, mesmo após concluirmos o ensino médio, íamos até lá só para relembrar dos sorrisos, das piadas, das lágrimas e de tudo aquilo que conseguimos elencar durante nossa trajetória amistosa e escolar.

Seguimos caminhos opostos. E, com o tempo, nos afastamos. Diariamente sou surrado pela saudade. As lembranças me fazem refletir e me comovo todo ao lembrar dos ótimos momentos que vivenciamos. Clarice Lispector, em seu belíssimo conto ''Uma amizade sincera'', diz que ''Amizade é matéria de salvação''. Realmente, é. Salva-se várias vidas com uma boa dose de amizade. Os meus velhos amigos são remédios que me transmitem carinho, festa, gosto de bem estar e paz. Hoje, nós estamos separados. Culpa do destino? Acho que não. Na cartola da vida nós ganhamos surpresas como esta: cada um seguindo o seu destino, constrói-se vidas e não podemos desviar a reta. Meticulosamente são traçados. Da mesma forma que nós nos separamos e ficamos com tudo registrado na memória. 

Conheci novas pessoas e estas se transformaram em ótimos amigos. Não consigo esquecer dos meus velhos amigos. Reúno-me com estes novos laços amistosos, mas a lembrança dos de outrora me persegue, me tortura, me bate. Choro de saudade toda vez que reencontro-os. Rapidamente as lágrimas somem e um grande sorriso estampa o meu rosto. 

O tempo passa e os meus velhos amigos permanecem.

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Antes do último pôr-do-sol

Você foi embora. E aquele amor que um dia juramos eternidade? Como fica? No dia que ''ocê'' foi embora, prometi para mim mesmo: vou ser feliz. Nada de saudade deste ser que duramente me abandonou com um coração choroso, espinhento e seco.

Lembrei que, olhando para o mar, nós prometemos um amor infinito. Casa, filhos, comida e roupa lavada constavam em nossos planos. Ainda tenho aquela conchinha que você me deu. Lembrei, também, que esta concha foi encontrada na areia, nem para sacrificar-se para este singelo ato você foi capaz. O sol queimava a minha pele, ressecava os meus lábios. De noitinha, quando a lua surgia, queria colocar em prática todos os artifícios que eu escondia por trás de uma cara amarrada. Nada de você ceder. Dizia que estava cansado, que a luz da lua servia para refletir sobre a vida, sobre o emprego, sobre os meninos. Pensar em mim? Nunca se preocupou comigo. 

Certezas e dúvidas povoavam a minha mente. A minha vontade era de te matar e depois assistir de camarote o seu corpo boiando na água. Não tive coragem. Amo-te tanto, meu amor! Todas as vezes que nós brigávamos, sua voz de piedade amolecia o meu coração. 

Você foi embora. E aquele amor que um dia juramos eternidade? Todo este amor transformou-se em pó. Medíocres sentimentos que não engrandeceram o nosso amor. A solidão já me torturou muito, mas agora estou determinado a virar este jogo. No dia que ''ocê'' foi embora, prometi para mim mesmo: vou ser feliz. Sinto, bem de leve, quase imperceptível, um sorrisinho meio amarelo surgindo ao pé de minha boca. Será a felicidade? Espero, antes do último pôr-do-sol, sentando na areia fria da mesma praia, que seja a bendita felicidade.

(Texto baseado na música ''O último pôr-do-sol'', Lenine)

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Louco Amor

Muitos me classificam como louco. Creio que o adjetivo associa-se perfeitamente com esta minha fase atual: louco por amar alguém que não me ama. Louco, pois sou um idiota em não enxergar as situações corriqueiras e falsas que estão bem na minha frente. 

Amei, sim, aquele cafajeste. Lutei e relutei para que o nosso amor fosse eterno. Afinal, não é o Vinícius de Moraes que nos diz que a infinitude deve durar? Não sei se ele me amou. Só sei que eu amei de forma incomensurável, digna de um troféu. Toda pieguice, no entanto, extinguiu-se. 

Insisto: sou louco por ainda amar uma pessoa que não demonstrou uma prova de amor por mim. O bem que eu quis transformou-se, rapidamente, em pó. Cinzas que atirei na primeira poça que encontrei. Nem todo mundo merece o bem que nós cultivamos. Desperdiçam este puro sentimento como algo que não se recicla. O bem passou, mas o meu amor ainda permanece.

Coração burro, medíocre e insensato! Por que ainda insistes em amar este homem? Não consigo entender este amor avassalador que ainda sinto por ele. Então, coração mentecapto, me diz o porquê de eu amá-lo tanto assim? 

Sou um louco mesmo! Sou muito louco! Só sendo louco para aceitar uma situação dessas. A minha loucura chegou ao ápice de sua incompreensão. Adeus, meu grande amor! Este louco aqui acaba de partir para uma viagem sem volta.


(Texto baseado na canção ''Só Louco'', de Gal Costa)

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Ainda bem?

Você não vive comigo. Ainda bem! Já parou para pensar como seria esta minha vida se você ainda estivesse aqui comigo? Sei lá! Mas creio que não seria nada bacana.

Nos dias frios, aqueles que você me prometia calor e afeto, sentia-me sozinho. O porquê? Simplesmente quem me prometeu companhia não apareceu. Não quero mais te amar. Desisti deste relacionamento sem nexo, solitário amor que ainda insisto em regar.

Repleto de dores, o meu coração não encontrava nenhuma facilidade para esquecer aquele abandono. O seu rosto em minha mente fazia despertar um gosto de suicídio, chorume e nefastas sensações de desapego tomavam conta de mim. Flores? Nunca recebi flor nenhuma daquele desgraçado. O único presente que ganhei foi um belo pontapé nesta traseira que ele um dia reverenciava. Beijei-lhe tanto! Nos dias de hoje, ele desvia o rosto para que meus lábios se sintam ainda mais excluídos de seu coração impiedoso. 

Os dias passam e eu percebo que o seu amor não preenche mais o que antes transbordava paixão. O acaso não é mais o responsável por unir estes dois corações solitários e completamente carregados de amor, café, álcool e briguinhas indigestas. A sorte que um dia nos uniu é a mesma que nos afasta. O meu trevo de quatro folhas perdeu-se pelo caminho da vida. Ganhei, como recompensa, uma solidão estridente, que constantemente assola este meu coração com uma luva repleta de espinhos.

Agora vivo neste mundo solitário e triste. Há muitos anos busco a sorte de conhecer um amor verdadeiro. Desejo uma paixão avassaladora, instigante. Que o nosso amor possa produzir líquidos de saudade, que nos una novamente. Nós dois. Nosso amor. Uma vida que, ainda bem, não temos mais a preocupação de adubar.

(Texto baseado na música ''Ainda bem'', de Vanessa da Mata)

terça-feira, 20 de agosto de 2013

O tolo & Um amigo

Um amigo, que prefiro não revelar o nome, me mostrou como a vida é feita de altos e baixos. No último domingo, eu estava nesta situação: sentia-me mais baixo que os mais profundos e imundos esgotos. Este meu amigo fez com que eu me reerguesse e encontrasse uma saída. Difícil, mas consegui sair do labirinto no qual encontrava-me.

Cheguei a me comparar com a Macabéa, de Clarice Lispector. Sabe aquela passagem que o voraz Olímpico compara a pobre personagem a um cabelo na sopa? Sentia-me assim. Não sei exatamente o que me levou a sentir este asco por mim mesmo. Só sei que parte do meu domingo estava praticamente no lixo. Coberto por uma lama escura, nojenta e totalmente destituído de amor próprio.

No sábado, acabei quebrando uma promessa que fiz. Prometi para mim mesmo não me relacionar com alguém que me fez chorar. Lágrimas que não consigo esquecer. E a ferida aberta em em meu coração? Ah! Esta sim expelia secreções sentimentais por todos os lados. Não que aquela noite ficou estigmatizada como ''ruim'', ''péssima'', digna de um esquecimento. Longe disso. Aquela noite tornou-se inesquecível, porque eu pude, mais uma vez, desafiar este ego que insiste em me humilhar. Sentia-me bem. Até que reencontrei aquele que me fez chorar. Lembrei de todos os sofrimentos passados, mas consegui manter a minha pose. O meu amigo me acompanhou nesta encenação. Fez com que eu esquecesse aquele momento estarrecedor, de puro lirismo e totalmente duvidoso.

Eu me sentia confuso. Quando trocamos olhares, pude perceber que ele tentava se aproximar de mim. Exigia perdão, afeto, um recomeço. Eu o ouvia. Aquilo me comoveu. Nunca ele tinha expressado tanta verossimilhança em um discurso tão contundente. Mas fui forte. Disse tudo que eu tinha vontade. Aquilo que se encontrava engasgado fluiu como uma represa que acaba de rebentar suas fortes paredes. Meu amigo encontra-se muito calado, pensativo. Acabei cedendo a todas aquelas investidas. Não resisti. Eis o motivo de minha traição. Voltar atrás e beijar quem eu prometi esquecer me fez sentir uma ojeriza. 

Chega o domingo. Acordei com aquela sensação de lixo. Um misto de prazer e tristeza me assolava. Como pude investir em alguém que sempre me faz chorar? Afinal, o amor representa o elo mais belo e previsível entre dois seres que se julgam dignos de um final feliz. De felicidade meu domingo não tinha nada.

Resolvi desabafar. Este meu amigo se fez presente nesta hora. Ele me mostrou o quão inútil era eu me sentir cabisbaixo por algo que já tinha acontecido. Realmente, ele estava com a razão. Chorar para quê? Lamentar-me para quê? Enfim, de que adiantava eu permanecer no lixo se tudo que já tinha acontecido não poderá jamais ser apagado? O meu amigo foi além: disse-me para ser forte. Firmeza foi sua palavra de ordem. Me mostrou que não adianta consertar aquilo que não se cola. Senti meu coração enxugar as lágrimas, estancar o sangue e abrir um sorriso.

Um amigo, por mais que ele não esteja ao lado nas horas de dor, pode sempre ser o alicerce que te sustenta nestas horas de joelhos no chão. Domingo eu tive a prova que este meu amigo se tornou peça chave no meu baú de vitalidades. Portanto, cultivarei esta amizade por muitos anos. Defenderei este laço amistoso de todas as formas possíveis. Fui, definitivamente, do lixo ao luxo. Ao contrário daquele que só me fez chorar, o meu amigo revelou que sou muito mais que aquelas lágrimas sangrentas que escorreram pelo meu rosto. Sorrir, perpetuar ensinamentos e, principalmente, acalentar corações partidos, humilhados, malogrados e feridos podem ser curados com boas palavras de um pessoa especial. Pessoa que pode ser sua mãe, seu pai, seu irmão, seu vizinho, seu cachorro... Quando se tem um amigo como o meu, ah!, tudo conspira para uma união além de meras companhias, festas e sorrisos. Palavras que confortam são muito mais que meras situações cotidianas. Este meu amigo não sabe, mas este meu ar de felicidade se deve, também, por ele me ajudar nestes momentos difíceis por quais passamos. Um amigo pode ir além daquilo que esperamos. Um amor mais verdadeiro do aquele que um dia me prometeram.