quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Um grande talento chamado Rachel Sheherazade

Admiro e muito a profissão de Jornalista. Sempre reverenciei estes profissionais por sua competência, carisma, garra e força de vontade. Até pensei em seguir a profissão, mas acabei optando por Letras e deixei o Jornalismo para algo futuro. Afinal, nunca é tarde para realizar seus sonhos e quando eu quero alguma coisa, amigos leitores, luto e me esforço profundamente.

Vários profissionais da área jornalística merecem o meu carinho, respeito e admiração. São profissionais que se dedicam de verdade, que transmitem veracidade, astúcia e competência. Ou seja: são homens e mulheres que fazem de tudo para deleitar quem os assiste e, como não poderia deixar de ser, deleitar a si mesmos. 

Atualmente, uma Jornalista em questão está merecendo todo o meu respeito, audiência e carinho. Todas as noites, eu me sinto agraciado assistindo-a. Paraibana, assim como eu, a Rachel Sheherazade é uma das grandes vozes de nosso jornalismo.

A jornalista Rachel Sheherazade a frente do Tambaú Notícias. Jornal que apresentava antes de assumir o SBT Brasil.

Rachel, antes de assumir um jornal de cunho nacional, apresentava um jornal local, o Tambaú Notícias, em João Pessoa. A TV Tambaú, que é filial do SBT na capital da Paraíba, não tem sinal em Campina Grande, cidade que moro. Pouco sei sobre sua vida profissional e pessoal, mas só o seu talento me faz sentir completo. 

A jornalista tornou-se mundialmente famosa após tecer um comentário a respeito do carnaval. Comentário, aliás, que transmite toda verdade a respeito desta festa que os brasileiros tanto veneram. De lá para cá, eu passei a esperar ansiosamente pelos seus próximos comentários.

Formada em Comunicação Social pela Universidade Federal da Paraíba, Rachel Sheherazade logo chamou a atenção de Sílvio Santos, dono do SBT. Contratada para apresentar, agora, um jornal que abrange um âmbito nacional, ela não decepciona. E lá está a Rachel: honrando sua profissão, matando de orgulho vários paraibanos, expondo, como sempre fez, suas opiniões de forma direta e verossímil, nos brindando com carisma, competência, beleza e talento.

Joseval Peixoto e Rachel Sheherazade: apresentadores do SBT Brasil.

E desde o dia 30 de maio de 2011, eu acompanho o SBT Brasil. Se eu não disser que é por causa da Rachel, estarei mentindo. É por causa dela, sim. Poucos jornalistas possuem a ousadia que ela possui. Falar o que pensa, sem se submeter aos famosos sensacionalismos, poucos jornalistas conseguem. Por isso, admiro a Rachel por sua audácia e ousadia. Audácia por falar tudo que pensa de forma direta e verdadeira. Ousadia por ser uma jornalista comprometida com o que faz e não são todos que, em um canal de tevê aberto, possuem a coragem de expor o que pensam. Continuarei assistindo-a. Aumentando o volume da televisão na hora de seus comentários, fitando os meus olhos no vídeo a fim de acompanhar um telejornal que transmite veracidade e admirando o talento e o carisma da Rachel Sheherazade. Que é, com toda certeza, um orgulho para a Paraíba. 



terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Falso Rótulo

Criticam-me por causa de minha antipatia. Não conseguem entender que eu não consigo ser simpático com todos e insistem em me rotular como chato. Não sou chato: só tenho uma visão seletiva. Não consigo mostrar os dentes para pessoas que não me agradam. Veja bem, eu não odeio as pessoas.


Até acho elas chatas, mesquinhas e insossas, mas não tenho motivos e nem situações cômicas que me fazem ser ''o maior simpático que já existiu.'' Em determinados locais entro mudo, saio calado e só falo com quem eu conheço. Depois, chego a locais onde pessoas não me respeitam e cochicham e me olham dos pés a cabeça e ainda tenho que ser simpático? Não mesmo.


Isso tudo faz parte do meu caráter. Odeio boa parte da sociedade e idolatro meus amigos. Mas dizer que sou chato ao extremo, isso eu repudio! Quem quiser me amar, me ame do jeitinho que sou: alegre, simpático, sincero, meigo, carinhoso. Faço questão de revelar de imediato quem sou: uma pessoa rude, exigente, livre de preconceitos e que ama todas aquelas pessoas que me proporcionam um mínimo de alegria, de força de vontade e que não se importam com a minha presença que, pode ter certeza, não é chata.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Simplórias palavras de amizade

Dos milhares de defeitos que possuo, o maior deles é acreditar de mais nas pessoas. Dedico-me tanto e elas não fazem o mesmo por mim. Aprendi a dizer não. Aqueles que só me exploravam, hoje imploram meu perdão e eu dou de ombros e finjo não enxergar. Não ligo que me façam de idiota: na verdade, busco sempre um aprendizado, uma nova forma de encarar o humano.


Não escondo minhas reais intenções. Todos sabem da minha sinceridade extrema. Do meu jeito estranho de levar a vida. Da minha aspereza. Da minha forma de transmitir humor. Do meu gosto mais particular. E do essencial: eu cultivo uma amizade, seja com quem for. Por isso, repito sempre: só é sua amiga aquela pessoa que te surpreende com atitudes inimagináveis.


Do nada, começa-se uma nova forma de amar, de compartilhar. Cultive seus amigos verdadeiros. Os que brincam com teus sentimentos, exclua. Esqueça. Pessoas assim não precisam dos nossos esforços para alegrá-las. Quero ser feliz, mas de qualquer modo precisarei de um amigo para seguir comigo nesses caminhos difíceis.

Caminhos que nem sempre são fáceis, mas que não são impossíveis quando estamos ao lado daquela pessoa que chamamos de amigo, irmão. Só quem possui um amigo verdadeiro entenderá estas simplórias palavras. Uma lição para a vida.

sábado, 25 de fevereiro de 2012

Uma breve amargura

Nada de doce. Minha vida é mesmo amarga. Eu sou amargo comigo mesmo e, algumas vezes, com o próximo. 

Nada de bancar o idiota. Insistem em me enganar, em me maltratar, em me iludir. Nada está sendo doce. Minha vida está sendo é muito dura, passível de significado. 

Precisa-se de um professor na arte de contar verdades. Isso mesmo: verdades! Cansei de hipocrisia. Cansei de achar que todos me amam. Cansei de esperar atitudes. Afinal, poucos se importam com o meu estado de vida. 

Não estou para elogios. Que minha amargura se propague entre todos: amigos, família, sociedade. Que causem risos, que arranque lágrimas e que provoque a ira dos tolos que enchem minha vida com fatos ilusórios, medíocres. 


Quero que a minha amargura se perca nos braços de um grande amor: mesmo assim, não cederei. Não serei doce. 

Fui doce uma vez e os açúcares não me deleitaram completamente. Por fim, desejo que tudo na vida de vocês, leitores, esteja doce. Pois, a minha está amarga.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Depois de um sonho

Noite feliz aquela. Tão feliz que só me restam lembranças, das quais não quero esquecer nunca. Fui tão amado e me senti tão domado que meus olhos encheram-se de lágrimas e meu estado emotivo evolui e me fere completamente. 

Nesta noite, me senti completo: com palavras e situações pude perceber que alguém me amava e que eu amava também. O calor do amor me consumia e eu me sentia recheado de paixão. Eu exalava carinho pelos meus poros como ventos de felicidade.


Como me senti estufado de amor e eu nem sabia o que isso significava! Depois dessa noite me senti mais amável, mais compreensivo, capaz de aceitar as imoralidades que rondam o planeta. Fui até o céu. Voltei. Subi novamente, mas desta vez pelas paredes. Um fogo me consumia e lá vinha à água da paixão acarretar para a felicidade. 

Quando essa noite passou, pude acreditar que tudo não passou de um sonho. Aqueles sonhos bons, repletos de florzinhas alegres e tempestades de coraçãozinhos. Um sonho tão real que eu pensei em fechar os olhos e nunca mais acordar. Infeliz de quem acredita em palavras de um amor não-verdadeiro! Fui enganado. Fui usado e toda minha autoestima desapareceu por completo.


Eu não acredito mais em amor à primeira vista. Acredito em amor real, amor consumado, amor que se pode compreender, aceitar e degustar. Voar entre aqueles braços, que apertam, que confortam e que nos ensina a amar com repletas atitudes, alegrias e sorrisos: o que mais desejo. Talvez este seja um desejo irrealizável. Em sonho, tudo foi maravilhoso. Na vida real, tudo não passa de ilusão.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Sempre Perto do Coração Selvagem de minha vida

''Nela havia uma qualidade cristalina e dura que o atraía e repugnava-lhe simultaneamente.'' 
(Clarice Lispector sobre Joana, a protagonista do romance Perto do Coração Selvagem)
Não. Não estou aqui para relatar todo o meu amor por Clarice Lispector. É de conhecimento de todos que a autora é uma espécie de musa para mim. Sei que Clarice compõe o mais alto sentimento que um leitor pode ter por seu ídolo. Seus romances, seus contos, suas crônicas, sempre representam algo muito forte para mim. Ao entrar em contato com Perto do Coração Selvagem, pude ter a certeza de que Clarice representa mais que um romance. Ela representa todo meu ser. Seja nos sentimentos reclusos ou nos mais expostos possíveis.

Quando li Perto do Coração Selvagem, eu me identifiquei muito com a protagonista deste romance, a Joana. Uma mulher de fibra, com atitudes animalescas, cheia de incertezas. Publicado em 1944, Perto do Coração Selvagem é o primeiro romance de Clarice Lispector e a minha primeira experiência em romances com a autora. Um romance que trava uma luta com o próprio subjetivismo, uma ruptura com o enredo tradicional e muitos outros elementos que fazem deste romance um diferencial em nossa Literatura.

O romance conta a história de Joana, menina órfã e que viveu a infância ao lado do pai, a quem confiou, por meio de brincadeiras, suas incertezas infantis. Sonhadora, contemplativa e, inconscientemente, provocava os adultos com suas questões e opiniões. Sua mãe, Elza, morreu quando ainda era muito pequena. Sendo assim, passa a morar com os tios. Logo nos primeiros dias de convívio, a dureza revela ares de hipocrisia. A relação de Joana com sua tia é tensa, mas conseguem viver sob o mesmo teto. Um dia, Joana rouba um livro quando vai às compras com sua tia. Tudo isso não passa de um teste para assustar a si e aos outros. Desaprovando esse tipo de conduta, a tia pede ao marido que encaminhasse Joana a um colégio interno, onde as diferenças, entre a menina e o mundo que a cercava, iriam se acentuar. A constante vocação para o mal e o desconhecimento de si mesma faziam parte do processo de descobrir-se, encontrar a razão de ser de sua existência. Durante este processo, surge um Professor que a aconselha, lhe dá ouvidos, mas tudo na medida do possível. Tal professor torna-se o amor de adolescente de Joana. O professor, casado, faz Joana sentir inveja da esposa e faz a pobre adolescente sofrer as dores de seu primeiro amor. Ao sair do internato, Joana casa-se com Otávio. Este, por sua vez, mantinha um relacionamento amoroso com Lídia, sua ex-noiva, a quem engravidou. Isso seria a causa da separação entre Otávio e Joana, além da diferença de temperamentos, expectativa de vida e compreensão de mundo do casal. Joana descobre o enlaço amoroso entre Otávio e Lídia e encara com naturalidade esta situação. Não provoca escândalo nem drama. No entanto, no seu interior, esse fato lhe causava muitas reflexões. Uma delas é o projeto de ter um filho com o marido, antes de devolvê-lo à rival. Isso não se realizou e Otávio partiu, deixando uma suposta promessa de volta no ar. Logo após a separação, Joana começa a ser seguida por um homem desconhecido durante algum tempo. Um certo dia, ela se viu na casa desse estranho e, sem sequer saber-lhe o nome, desejando conhecê-lo por outras fontes e por outros caminhos, com ele teve alguns encontros. O desconhecido que, para ela, era mais um salto para sua auto-investigação, um dia, acabou partindo. Por fim, Joana também parte. Embarca sozinha para uma viagem não muito bem definida, dando a entender que, naquele momento, teria condições de se resgatar. (Fonte Passeiweb)



Reconheço: identifico-me muito com Joana. A personagem possui certas atitudes que eu também tenho (ou tive, não sei ao certo) que já levaram a me perguntar e tentar descobrir quem verdadeiramente sou. Uma constante briga com o meu subjetivismo interior. É mergulhar a colher na tigela do inconsciente e nada sair desta. Ler Perto do Coração Selvagem me levou a ter uma visão mais profunda de mim mesmo. Pude entrar em contato com a minha introspecção. De início, o enredo parece um pouco incompreensível, mas é um romance que marca, que mexe com os íntimos de quem se dedica a esta história. 

Portanto, li e recomendo Perto do Coração Selvagem para todos que ainda nem se quiser chegaram perto do seu martírio interior. Assim como Joana, eu também busco uma definição para mim mesmo. Pude observar os meus conteúdos, os meus próprios estados mentais, tomando consciência deles. Um dia embarcarei sozinho para uma viagem e verei se tenho condições para resgatar-me. Não será fácil, mas farei o possível para, enfim, estar sempre perto do coração selvagem de minha vida.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

O real motivo para sentir felicidade

    Amar é sofrer. Amar faz bem. Amar é o verbo mais conjugado por pessoas que se iludem com ele. Por isso, eu amei a pessoa errada e agora sinto uma alegria que me contagia. É que a pessoa que me fez sofrer me ensinou a cultivar as dores como algo bom, como um ensinamento.


    Não adianta brigar, chorar, tentar suicídio: o ponto de partida para a felicidade é encarar com naturalidade as perdas e fazer de cada lágrima uma nova forma de viver. Assim, lute com todas as forças e faça de você um muro: alto, forte e que ninguém venha com um sopro e derrube. 

    Conto de fadas é para pessoas fracas, que não medem esforços para abdicar a tristeza. Tristeza? Faz parte do passado. Alegria? É o meu presente. O futuro? Bem, o futuro eu não sei. 


    Só sei que o meu futuro está reservado para uma pessoa que vai me amar sem esforços, com carinhos indescritíveis, com agonias e pecados imperdoáveis. Lutar para ser feliz é o que faz da vida a maneira mais rica de se obter felicidade.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Relato de um ser que encontrou a felicidade

    Tentei aprisionar a felicidade em uma gaiola, mas não consegui. Entendi que felicidade é algo que se busca no interior, em momentos compartilhados com quem amamos e em situações em que nos sentimos donos, reis, soberanos da vida. 


    Tentei ser feliz e consegui. Quando estamos em estado agudo de felicidade, não conseguimos pensar em choro nem em tristeza. Afinal, devemos chorar pelas coisas boas que conseguimos. Uma pessoa já me fez feliz. Hoje em dia, ela não existe mais. Não morreu e nem desapareceu. Ela simplesmente sumiu de mim. Não me fazia feliz como outrora e resolvi esquecê-la. Mesmo assim, a felicidade reina em mim. 

    Amor e felicidade andam pelo mesmo caminho e sou feliz por amar e por me sentir tão bem ao lado daqueles que me aceitam, me compreendem e que fazem de tudo para que essa felicidade se propague. Não me deixam abaixar a cabeça e fazem de mim o ser mais risonho, mais magnífico, mais satisfeito possível. 


    Busquei a felicidade e dela não quero me perder. FE-LI-CI-DA-DE. Assim, com todas as letras. Sinto-me feliz e compatível com as minhas próprias ideologias.
 

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Preconceito

    Quando se fala em preconceito, sinto uma dor tremenda. Sei que não passa de uma dor individual, mas faço necessária para evidenciar essa luz negra que permeia a sociedade. Preconceito não passa de opiniões sem nexo, sem rebocos e só o utilizam para disseminar o ódio perante todos que não conseguem formar uma opinião. Vivemos entre racistas, homofóbicos e mais e mais preconceituosos que julgam a maneira de vestir-se e de comportar-se do outro. 


    Afinal, onde vamos parar? Desde quando criticar a maneira de viver alheia é progresso? Onde está o tão cultuado ''Brasil: um país de todos''? Mais uma vez sinto que fui enganado por uma propaganda mesquinha. A opinião alheia nem sempre nos submete a realizações concretas e a certeza que sinto é que o ''meu país'' nunca será de todos por que os ''todos'' são os mesmos que insistem em matar, espancar, falar mal, humilhar e fazer outros milhões de atrocidades contra a sociedade. 

  Tudo começa em casa. Depois somos obrigados a aceitar que nossos representantes políticos nos roubem e fique como está. Sou obrigado a ver pessoas idosas serem desrespeitadas por motoristas, pessoas, crianças e, principalmente nos ônibus, por elas terem ''mais idade''. Sou obrigado a ver religiosos fervorosos negarem a felicidade alheia, desrespeitando o mandamento de Deus (que por sinal foi esquecido há tempos: ''Amai-vos uns aos outros como a si mesmo.'') Sou obrigado a ver negros serem discriminados por terem uma cor de pele diferente. Sou obrigado a ver homossexuais serem agredidos ou mortos por intolerância. 

     Meus caros, preconceito é uma opinião que nunca vai acabar. Agradeço ao meu bom Deus, todos os dias, pelos preconceitos que não tenho. Não vejo problema em meu semelhante ser negro, rico, pobre, nordestino, olho azul, cabelo pixaim, gay, lésbica... O que me importa de verdade é a felicidade de todos que me rodeiam. E é isso que eu desejo: felicidade para todos aqueles que lutam para ter o respeito de sempre. Respeito esse que está sendo esquecido. 


     Esquecem que todos nós somos iguais, nada nos distingue. Vamos fazer desse país sujo um bom lugar para se viver. Mais tolerância e menos forma de desprezo.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

O Entrelinhas

    Sou apaixonado por Literatura. Acho tão fascinante! Se hoje estou cursando Letras, um dos motivos que me levaram para este campo foi a Literatura. Quem se dedica a esta arte, delicia-se profundamente com aspectos que engrandecem, estarrecem e apaixonam.

    Nunca me preocupei com os meios: para mim, a literatura sempre está presente nos melhores veículos: seja pelo famigerado livro impresso, seja pela internet, seja pela televisão... O que importa é o meu contato com esta arte que me fascina cada vez mais.

    Já perdi a conta de quantos livros já li. Não consigo selecionar um autor específico para chamar de ''favorito.'' Para quem não tem acesso aos livros e nem à internet, sente-se agraciado com um dos pontos fortes da nossa televisão: o programa Entrelinhas. O objetivo do programa é levar literatura para todos. Exibido pela TV Cultura todos os domingos, às 21:30 e todas as quartas (reprise), à 00:10, o programa tem a apresentação da atriz Paula Picarelli. 


   Desde 2005 o programa apresenta fatos do universo literário. Obras de autores consagrados, de autores da nova geração, O Entrelinhas brinda leitores dos variados gostos com suas reportagens fascinantes, dinâmicas e ricas em conhecimento. Tudo através de uma linguagem acessível, simples e direta. Além de apresentar o âmbito literário, o programa incentiva a leitura, quebrando, assim, o estigma que ''literatura é algo difícil'', ou de que ''literatura é uma coisa chata.''  O Entrelinhas também abre espaço para a divulgação de novas obras ou reedição de obras antigas. Sem dúvida, um programa que embriaga todos aqueles que bebem literatura.

Paula Picarelli, apresentadora do Entrelinhas
   Portanto, para todos aqueles que, assim como eu, são apaixonados por Literatura, acompanhem o Entrelinhas. Um programa produzido pela TV Cultura, que infelizmente é uma das poucas emissoras que se dedica fidedignamente às artes, cujo objetivo é transmitir cultura, arte, entretenimento de verdade e com qualidade para todos aqueles que se sentem contemplados por assistir aquilo que mais transmite prazer: Literatura & Arte.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

A eterna poesia de Ana Cristina Cesar

''Também eu saio à revelia e procuro uma síntese nas demoras. Cato obsessões com fria têmpera e digo do coração: não soube. 
digo da palavra: não digo (não posso ainda acreditar na vida) e demito o verso como quem acena e vivo como quem despede a raiva de ter visto.''
(Psicografia - Ana Cristina Cesar)


    Considerada uma das grandes revelações da poesia, Ana Cristina Cesar destacou-se por apresentar um estilo poético ousado, inovador e singular. Desde que surgiu na década de 1970, é uma das representantes da poesia marginal. Foi poetisa e tradutora. 

    Ana Cristina Cesar nasceu no dia 2 de junho de 1952, no Rio de Janeiro. Desde muito pequena, ela costumava ditar poemas para sua mãe, Maria Luíza. De família culta e protestante, em 1969 a autora viaja à Inglaterra para um intercâmbio e passa um período em Londres, onde conhece e fascina-se pela Literatura Inglesa. 

    Quando retorna ao Brasil, ingressa na faculdade de Letras aos dezenove anos. Nos anos 70, começa a publicar suas prosas poéticas em jornais e revistas. De forma independente, seus primeiros livros são publicados: Cenas de AbrilCorrespondência Completa. Ana Cristina se dedica à pesquisa literária e torna-se mestre em Comunicação. Retorna à Inglaterra para um mestrado em Tradução Literária. Em 1980, de volta ao Brasil, lança Luvas de Pelica. Obra que escreveu enquanto estava na Inglaterra. 

A poetisa e tradutora Ana Cristina Cesar
    Ana Cristina Cesar nos brinda com obras espetaculares. O tom verídico e pessoal tornam suas composições inigualáveis. A autora sempre nos apresenta uma dualidade em que a ficção e a autobiografia se unem para um epílogo perfeito. Sua última obra, A Teus Pés, nos deleita com poemas que misturam-se com a prosa, em uma linguagem íntima, que fascinam pelo seu tino confessional, por tratar do cotidiano de modo construtivo e realista.

A Teus Pés: última obra de Ana Cristina Cesar
    Em 1983, Ana Cristina Cesar cometeu suicídio aos trinta e um anos de idade. Atirou-se do oitavo andar do apartamento de seus pais, em Copacabana. Deixou sua marca dentro do âmbito literário brasileiro. Uma marca eterna. Uma eterna Ana Cristina Cesar.

Abaixo alguns escritos da autora:



Poesia

jardins inabitados pensamentos
pretensas palavras em
pedaços
jardins ausenta-se
a lua figura de
uma falta contemplada
jardins extremos dessa ausência
de jardins anteriores que
recuam
ausência frequentada sem mistério
céu que recua
sem pergunta.



Deus na Antecâmara

Mereço (merecemos, meretrizes)
perdão (perdoai-nos, patres conscripti)
socorro (correi, valei-nos, santos perdidos)

Eu quero me livrar desta poesia infecta
beijar mãos sem elos sem tinturas
consciências soltas pelos ventos
desatando o culto das antecedências
sem medo de dedos de dados de dúvidas
em prontidão 
sanguinária
(sangue e amor se aconchegando
hora atrás de hora)

Eu quero pensar ao apalpar
eu quero dizer ao conviver
eu quero partir ao repartir

filho
pai
e
fogo
DE-LI-BE-RA-DA-MEN-TE
abertos ao tudo inteiro
maiores que o todo nosso
em nós (com a gente) se dando

HOMEM: ACORDA!



Soneto

Pergunto aqui se sou louca 
Quem quer saberá dizer 
Pergunto mais, se sou sã 
E ainda mais, se sou eu 

Que uso o viés pra amar 
E finjo fingir que finjo 
Adorar o fingimento 
Fingindo que sou fingida 

Pergunto aqui meus senhores 
quem é a loura donzela 
que se chama Ana Cristina 

E que se diz ser alguém 
É um fenômeno mor.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

A falta que faz

    Vivendo de ilusão. Atualmente, descobri que, por mais que eu lute, sempre haverá sofrimentos, atrocidades e desilusões. Sempre tento ser agradável e aceito por todos, mas vejo que todo meu esforço está sendo em vão. Pessoas mentem, me iludem, me mostram o quanto a hipocrisia prevalece e eu sinto uma tristeza que me assola profundamente. Posso parecer infantil, mas esse meu modo de viver soa bastante medonho. É que eu sou daqueles que faz de uma amizade, de uma pessoa ou de um gesto qualquer, a forma mais verossímil de se viver. 


    Sempre estou ali para agradar ou ajudar alguém e em troca recebo gritos, falta de carinho, de compreensão e, principalmente, falta de amizade. Vejo que tudo que possuo, dentre elas a minha sinceridade estapafúrdia, não serve de nada: insiste em considerar-me evasivo, imbecil, otário. Onde quero chegar? Em lugar nenhum. Só quero que todos que eu venero sejam meus companheiros, meus aliados e que façam por mim o que eu faço por eles. Quero apenas um gesto nobre, um gesto doce. Quero ser adorado, nunca escondi de ninguém o que sou e vejo que muitos me auxiliam nas horas mais difíceis.  

    Mas está sendo pouco. Descobri que nem todos são tão especiais assim e busco uma solução. Não uma solução para a minha vida, mas, sim, para esse vazio que me atormenta. Na vida, nem tudo se recicla, nem se completa algo. Temos que ser fiéis àqueles que nos submetem ao oceano de amizade que cada um possui. O que não é aproveitável, nós iremos jogar no lixo. Por isso, cultivo todas as amizades que tenho como se fosse a última vez que fossemos nos ver. E peço fidelidade sempre. Não posso ter pessoas ao meu redor que só me ignoram, que não me completam e não me aceitam como sou. 


    E assim, vou levando a vida. Feliz por um lado e triste por outro. Afinal, ninguém consegue obter felicidade sozinho. É uma questão de honra, respeito e seriedade.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Amizade

    Nas horas mais difíceis, eles sempre nos auxiliam e nos mostram a saída da caverna escura e fria em que a vida se insere. Quando lágrimas escorrem por nossos rostos, eles sempre estão ali para secar e nos acalentar com palavras doces e frases que acordam nosso sorriso. Quando a vida nos mostra os dois lados da moeda, eles estão ali para nos auxiliar na escolha do caminho, nos ajuda a encontrar a solução e nos ensina que a vida é assim, cheia de altos e baixos e que os tombos sempre irão surgir, que os problemas sempre aparecem e que as quedas nos mostrarão o real valor de se viver.

    Tê-los é sempre necessário. Nas horas alegres, tristes, de decepções, de quedas, abraços, sorrisos, festas e lições, eles sempre nos compreendem, nos revela seu verdadeiro caráter, esquece as diferenças e passa a conviver de maneira simplória, verdadeira, amorosa. Nunca nos esqueçamos de retribuir com todo nosso carinho e fraternidade a essas pessoas que sempre estão nos acalentando nem que seja para sorrir e jogar conversa fora. Eles estão conosco todos os dias, sempre lembrando dos bons momentos, daqueles instantes em que todos são apenas um. Um único meio de adquirir alegria. 


    Eles se chamam AMIGOS e sempre serão eles que nos ensinarão como é bom viver, estar em sintonia, triunfante. Ensinará-nos que nem sempre as vitórias prevalecem e que as derrotas são corriqueiras. Mas de uma coisa podemos ter certeza: o amor é o sentimento primordial entre aqueles que se sentem leves, de bem com a vida. Só quem possui amigos ao extremo pode compreender essas palavras. 

    Por isso, amo meus amigos. Sei que são poucos, mas é a quantidade necessária para fazer, de mim, o ser mais feliz do mundo.

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Aprendendo a viver

    Cansei de achar que todos sempre irão me ajudar, me compreender e, principalmente, me aceitarem pelo simples fato de eu ser ''um bom amigo. '' Descubro que não é assim que a banda toca e que a dança está completamente fora de sintonia. Pessoas mentem, te sacaneiam e, na maioria das vezes, só lembram-se da sua existência na hora do aperto. Eu, ser humano provido de bondade e aceitação, sempre estou ali nas horas mais cruciais e colaboro com toda minha atenção, astúcia e companheirismo. 

    Não estou exigindo nada e nem quero: minha solidão sempre se faz a minha maior companheira, minha aliada nas horas de dores e decepções. Tenho a falha de não revelar minhas dores, angústias e tristezas e muitos desconhecem o meu outro eu, a minha outra forma de viver. Não sou só alegrias e sorrisos, sinceridades e verdade, amizade e paixão. Sou também solidão, tristeza, irracional. Meus momentos de tristeza são tão individualistas que me sinto completamente no fundo de um poço. Apego-me a solidão e não resvalo minha angústia a ninguém: esse é um método meu, de pensar e resolver tudo sozinho. 


    Às vezes, em matéria de vida, temos que nos dedicar a solidão para pensarmos o que fazer da vida e das pessoas que nos rodeiam. Tenho a certeza de que possuo amigos maravilhosos, dignos de um troféu. Mas, por outro lado, me sinto só, colocado de escanteio e completamente esquecido. Amor? Eu sinto por pessoas erradas. Definitivamente, amar é o verbo que mais me dá dor de cabeça. Escolho a pessoa amada errada. Escondo sentimentos, não revelo a ninguém a dor que atormenta e assola meu coração. Por isso, sempre aconselho: ame. Ame seus amigos, família e coração. Ame a pessoa escolhida para uma vida. Não faça das mentiras e da hipocrisia, as formas mais tristes de alimentar a vida. 

    Não seja algoz ao ponto de excluir e menosprezar alguém. Eu, por achar que tinha todos à minha disposição, caí do cavalo e descobri que nem todos estão dispostos a me ajudar. Compreenda os fatos da vida. Aceite os tombos. Aprenda com as quedas. Faça das pedras atiradas, o material necessário para a felicidade. Aceite todos devidamente como são. E não implique, não julgue, não seja hipócrita: curta sua vida da maneira mais natural possível. Se for preciso, mude. Se transforme no ser humano mais singelo possível. Ame. Compreenda. Entenda. A vida, meus caros, está cada vez mais necessitando de carinho e afeto. 

    Enquanto as pessoas não aprenderem a viver, nós sempre estaremos no patamar zero. Zero em amor, zero em matéria de vida. Viver acalentando sonhos e desejos e sempre pensando no próximo da maneira mais simples, doce e verdadeira possível.

sábado, 4 de fevereiro de 2012

Não vai mudar

    Não querem aceitar a verdade e insistem em mergulhar no rio de falsidades e imoralidades que sondam o mundo. Não querem crer que a sociedade mudou, que as pessoas mudaram e nem sempre o planejado sai como esperado.

    Insistem em condenar, assassinar, menosprezar e criticar o próximo, se achando no direito de manipular a vitalidade alheia. Querem transformar inocentes, homossexuais, mulheres, crianças e muitas outras classes da sociedade em cobaias. Quem deveria nos honrar, nos assalta e continuará assim. Pois, neste país é sempre assim e assim vai continuar.

''Quem deveria nos honrar nos assalta.''
   Quem deveria nos proteger, agora é quem mata, discrimina e nos faz passar vergonha. Quem é considerado santidade terrena é quem está cometendo as atrocidades de hoje. Cansei de me preocupar com a mudança do país, das pessoas e dos políticos. Tudo continua na mesma. Continuam a nos rotular como idiotas e a sociedade fecha os olhos para a realidade.


    Não querem aceitar, não vão aceitar e não querem crer que a mudança começa por nós. Por que somos nós que regemos as ideologias, elegemos esses corruptos e desacreditamos que, um dia, o Brasil possa honrar as cores de sua bandeira. Tudo isso é uma forma de pensar, pois nunca vai se concretizar.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Compreensão

    Fingem que me compreendem. Isso mesmo: as pessoas acham que me compreendem quando, na verdade, elas criam uma personagem achando que assim, eu me sentirei completo, astuto, irreverente. Não é bem assim. No fundo, sei que existem pessoas que não fazem a mínima questão de sentir os meus anseios ou por que lágrimas escorrem pelo meu rosto. 

    Existem pessoas que não me dão à mínima e nem perguntam como estou. Tem pessoas tão medíocres que não me dão um pouco de importância e acham que eu irei desmoronar por causa disso. Todas enganadas. Gostaria de informar a essas pessoas que elas todas estão erradas. Nunca precisei de ninguém para eclodir meus sentimentos, decepções e tristezas. Nunca procurei ninguém para fazer de meu choro, sinônimo de desabafo. Só quero que essas pessoas compreendam que eu sou apenas um mortal que luta, ama, chora, cai, se decepciona e que acima de tudo, confia (mesmo que erroneamente) no ser humano. 

    Eu acredito em amizades sinceras e que pessoas sempre me auxiliarão nos momentos difíceis. Mas, infelizmente, existem as pessoas que menosprezam, mentem, nos enganam e nós, que fomos educados a aceitar os erros e burrices que não nos pertencem, damos de ombros e nem ligamos. O que a raça humana está precisando é de uma reciclagem emocional, interior, individual. 

''Eu acredito em amizades sinceras e que pessoas sempre me auxiliarão nos momentos difíceis.''

    Temos que aprender a aceitar e auxiliar nossos semelhantes para que, futuramente, possamos ter alguém para secar nossas lágrimas e fazer acreditar na vida. Acreditar em uma vida melhor, mais aceitável, compreensível e dinâmica. Carregada com sorrisos, alegrias, companheirismo e amizade. Com compreensão. Com afeto. De maneira doce. Mas não vamos nos entregar as tristezas e as decepções: fomos feitos para abdicar tudo de ruim e defender com unhas e dentes tudo que nos deleita. Tudo que nos compreende. 

''Acreditar em uma vida melhor, mais aceitável, compreensível e dinâmica. Carregada com sorrisos, alegrias, companheirismo e amizade.''

    Vamos viver de maneira livre, sem preconceitos, ideologias baratas e, acima de tudo, compreendo a vida humana. Sei que é difícil, mas nada nessa vida é impossível. Basta compreender, entender e aceitar os fatos da vida.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Verdades sobre Hipocrisias

    Triste é não ter uma pessoa em quem confiar. A hipocrisia leva muitas pessoas a acreditarem que, falando de outras pessoas pelas costas, nada implicará. Eu sou constantemente alvo de pessoas assim: por acharem que sou idiota, falam, falam e falam e eu quando descubro, não faço nada. Não evito e continuo tratando essas pessoas bem.

    Não vejo problema: só acho esquisito por que eu não sou assim. Hipocrisia é uma palavra muito cultuada por pessoas que não tem caráter. Falar de outras pessoas, ocultar verdades e não ter a capacidade de ser sincero é o que me revolta. Esconder nossas opiniões é simplesmente um ato de covardia. Covardia essa, que só nos mostra o quanto os hipócritas são insanos, evasivos e admiradores de uma mentira cabeluda ao extremo.

''Hipocrisia é uma palavra muito cultuada por pessoas que não tem caráter.''

    Eu não posso mais conviver com pessoas assim: não me sinto bem, não creio que eu seria dessa forma. A hipocrisia por gestos, amizades, amores, casamentos e outras milhões de formas, só nos torna pertinentes a mentiras que confundem e  não modificam nada. Acho triste e até choro. Choro por acreditar demais nas pessoas e as mesmas não fazerem nada por mim. O meu problema? É simples e trivial: tratar todos bem, confiar demais em todos, dar muito valor a amizade, amar e admirar pessoas erradas.

    Não quero desejar mal para ninguém, mas o que essas pessoas ganham são terras e terras em cima de tudo que planejam. Terras que entupirão valas de sonhos. Terras que servirá de massacre para toda a sagacidade presente em cada um. Terras que implicará em uma mudança de caráter. Terras sem fim, terras que farão muitos chorarem por não terem mais ao seu redor aquelas pessoas vítimas da hipocrisia. Sei que a hipocrisia não acabará assim como a verdade não vai prevalecer sobre todos. Mas que brinquemos de falar a verdade pelo menos uma vez na vida. 

''Conviver e ser sincero com todos: um trunfo que ainda acontecerá, mas não agradará a todos.''


    Verdade ao falar, ao andar, ao cumprimentar o próximo, ao sorrir. Hipocrisia e verdade são duas arestas que as pessoas possuem, mas usam de forma errada. Façamos da hipocrisia algo em extinção e coloquemos a verdade em primeiro plano: com a verdade, somos capazes de construir grandes castelos e testemunhar alegrias, tristezas, felicidades e modos de convivência com o próximo. Conviver e ser sincero com todos: um trunfo que ainda acontecerá, mas não agradará a todos.

    Verdades doem, machucam, fazem chorar, mas é essencial: a melhor maneira de se aprender a viver é falar e ouvir verdades. Hipocrisia? Bem, a hipocrisia, vamos deixar de lado: o que de lado fica nada modifica, nem acrescenta.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

A profunda poesia de Adélia Prado

''Quase entendo a razão da minha falta de ar. Ao escolher palavras com que narrar minha angústia, eu já respiro melhor. A uns, Deus os quer doentes, a outros quer escrevendo.'' 

(Ex-voto, Adélia Prado)


     Sou fã de Poesia. Desde cedo, eu curto versos. Lembro-me que em certo momento da minha vida estudantil, minha Professora lia poemas de Cecília Meireles para mim e minha turma. Eu me fascinava. Achava tudo muito belo e inocente. Cresci e descobri que a poesia abrange âmbitos mais verídicos. Foi assim com a poesia de Adélia Prado. Desde que a conheci, sinto que ela possui um tom diferente. 

    Adélia Luzia Prado Freitas nasceu em Divinópolis, Minas Gerais, em 13 de dezembro de 1935. A autora começa a escrever seus versos logo pós a morte de sua mãe, Ana Clotilde, em 1950. Exerceu o magistério durante 24 anos e formou-se em Filosofia, em 1973. No mesmo ano Carlos Drummond de Andrade lê seus poemas. Segundo Drummond: "Adélia é lírica, bíblica, existencial, faz poesia como faz bom tempo: esta é a lei, não dos homens, mas de Deus. Adélia é fogo, fogo de Deus em Divinópolis". 

A escritora Adélia Prado
    Sua primeira obra, Bagagem, é publicada em 1976. Dois anos depois recebe o Prêmio Jabuti pela obra O Coração Disparado. Adélia ainda escreve prosa e teatro. Adélia Prado passou um período de dez anos sem publicar nenhuma obra. Em 2010, porém, ela publica um novo livro intitulado A Duração do Dia

Depois de 10 anos de silêncio, Adélia publica ''A duração do dia.''

    Adélia explora o cotidiano, o erotismo, a religiosidade, a saudade e outras temáticas de forma singular. São versos que fascinam por sua simplicidade. Adélia estarrece e encanta com os seus versos. É uma autora que busca transmitir o que sente. Enfim, Adélia é o lirismo que tanto precisamos para seguir em frente.

''Adélia é lírica, bíblica, existencial, faz poesia como faz bom tempo: esta é a lei, não dos homens, mas de Deus. Adélia é fogo, fogo de Deus em Divinópolis.'' (Carlos Drummond de Andrade)

    Abaixo dois poemas da autora:



Ensinamento

Minha mãe achava estudo 
a coisa mais fina do mundo. 
Não é. 
A coisa mais fina do mundo é o sentimento. 
Aquele dia de noite, o pai fazendo serão, 
ela falou comigo: 
"Coitado, até essa hora no serviço pesado". 
Arrumou pão e café , deixou tacho no fogo com água quente. 
Não me falou em amor. 
Essa palavra de luxo.

(In Bagagem, 1976)


Tão Bom Aqui

Me escondo no porão
para melhor aproveitar o dia
e seu plantel de cigarras.
Entrei aqui pra rezar,
agradecer a Deus este conforto gigante.
Meu corpo velho descansa regalado,
tenho sono e posso dormir,
tendo comido e bebido sem pagar.
O dia lá fora é quente,
a água na bilha é fresca,
acredito que sugestiono elétrons.
Eu só quero saber do microcosmo,
o de tanta realidade que nem há.
Na partícula visível de poeira
em onda invisível dança a luz.
Ao cheiro de café minhas narinas vibram,
alguém vai me chamar.
Responderei amorosa,
refeita de sono bom.
Fora que alguém me ama,
eu nada sei de mim.

(In A Duração do Dia, 2010)