domingo, 9 de junho de 2013

Vida de estagiário

Licenciatura. Isso mesmo: optei pela licenciatura. Diga-se de passagem: foi uma escolha deleitosa. Nunca me senti tão completo por escolher algo que me transmite tanta felicidade. São altos e baixos de uma graduação. Momentos angustiantes. Sensações ímpares. Professores espetaculares. Mas nem tudo pode ser classificado como um mar de rosas.

Vida de professor não é fácil. De estagiário, então, nem se fala. Semana passada conheci um dos pontos baixos da licenciatura: buscar estágio. Tudo isso com a missão de aperfeiçoar-me nesta profissão que escolhi. Recebi três respostas negativas. Os motivos? Banais, claro! Nada justifica a negatividade das recusas. 

Sempre estudei em escola pública. Sempre me orgulhei das escolas por qual passei. Especialmente o colégio que cursei o meu ensino médio (na íntegra, diga-se de passagem). Ansiava por este ciclo de estágios no ensino médio. Nunca imaginaria que eu seria recebido de forma tão gelosa. Ao expressar à direção o motivo que me levava ao meu antigo colégio, logo de cara a primeira recusa: ''Não posso aceitar!'' Perplexo, fui atrás de outro professor. Para a minha surpresa, reencontrei uma antiga professora. Sinônimo, para mim, de orgulho e inspiração. Tais sinônimos não conseguiram superar a minha decepção: em uma única manhã, duas recusas. Fiquei completamente sem entender esta recusa. Tal professora disse que nós, estagiários, não teríamos ritmo para acompanhar sua rotina de sala de aula e que estava ministrando aulas para o terceiro ano. Ouvi silenciosamente a recusa e fui conversar com mais um professor. Que, pasmem, recusou a minha presença como estagiário. A justificativa? Não estava disposto a receber estagiários para observar suas aulas e nem para interferir em suas turmas. Boquiaberto e com uma enorme decepção nos olhos, saí deste colégio com uma sensação de abandono. 


Nós que lutamos diariamente por uma boa educação, somos bombardeados por estas desculpas sem pé e cabeça. Quando optei pela licenciatura, estava disposto a me inserir em um meio que não é tão vangloriado pelo governo. Os professores deveriam abrir os braços para todos os graduandos em licenciatura. Por um simples fato: também queremos nosso espaço na construção educacional de pessoas. 

Agora, respondo humildemente cada não. Para o primeiro não, eu retruco com a seguinte mensagem: não tem problema. Ninguém é obrigado a aceitar ninguém. Para o segundo não: infelizmente, professora, me senti desmotivado. A senhora que já me ensinou, um dia, regras gramaticais e escolas literárias, me deixou completamente sem norte. Não é uma turma de terceiro ano que determinará o meu ritmo para a sala de aula. Para o terceiro não: um dia estarei em sala de aula. Sabe o que eu irei fazer? Abrirei as portas de minha sala para os futuros professores. Permitirei que eles interfiram e me acompanhem nas minhas aulas. 

Enquanto isso, eu busco uma nova change para encerrar os meus ciclos de estágio. Tenho certeza que encontrarei uma escola que abra as portas para um estagiário que sonha concluir seu curso e colocá-lo em prática. Utilizarei todo o meu ritmo para mostrar que sou capaz de construir e, principalmente, contribuir para o crescimento de crianças, jovens, adultos e de todos aqueles que desejam um futuro melhor. 

Eu, um mero estagiário, concluo este meu desabafo com a seguinte frase de Paulo Freire: ''As terríveis consequências do pensamento negativo são percebidas muito tarde.'' 

Nenhum comentário:

Postar um comentário