sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Antes do último pôr-do-sol

Você foi embora. E aquele amor que um dia juramos eternidade? Como fica? No dia que ''ocê'' foi embora, prometi para mim mesmo: vou ser feliz. Nada de saudade deste ser que duramente me abandonou com um coração choroso, espinhento e seco.

Lembrei que, olhando para o mar, nós prometemos um amor infinito. Casa, filhos, comida e roupa lavada constavam em nossos planos. Ainda tenho aquela conchinha que você me deu. Lembrei, também, que esta concha foi encontrada na areia, nem para sacrificar-se para este singelo ato você foi capaz. O sol queimava a minha pele, ressecava os meus lábios. De noitinha, quando a lua surgia, queria colocar em prática todos os artifícios que eu escondia por trás de uma cara amarrada. Nada de você ceder. Dizia que estava cansado, que a luz da lua servia para refletir sobre a vida, sobre o emprego, sobre os meninos. Pensar em mim? Nunca se preocupou comigo. 

Certezas e dúvidas povoavam a minha mente. A minha vontade era de te matar e depois assistir de camarote o seu corpo boiando na água. Não tive coragem. Amo-te tanto, meu amor! Todas as vezes que nós brigávamos, sua voz de piedade amolecia o meu coração. 

Você foi embora. E aquele amor que um dia juramos eternidade? Todo este amor transformou-se em pó. Medíocres sentimentos que não engrandeceram o nosso amor. A solidão já me torturou muito, mas agora estou determinado a virar este jogo. No dia que ''ocê'' foi embora, prometi para mim mesmo: vou ser feliz. Sinto, bem de leve, quase imperceptível, um sorrisinho meio amarelo surgindo ao pé de minha boca. Será a felicidade? Espero, antes do último pôr-do-sol, sentando na areia fria da mesma praia, que seja a bendita felicidade.

(Texto baseado na música ''O último pôr-do-sol'', Lenine)

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